O desenvolvimento embrionário dos animais (Embriologia)
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O desenvolvimento embrionário dos animais (Embriologia)


DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO DOS ANIMAIS
Maximiliano Mendes ? 2013

1. O início da vida de um animal

A fertilização é o processo no qual ocorre a união entre um gameta feminino e um masculino.  A vida de um animal tem início logo após a fertilização com a formação do zigoto: a célula que contêm material genético dos dois progenitores.



O zigoto irá se dividir por mitose, originando células chamadas blastômeros, e essas, por sua vez continuarão a se dividir e originarão outros tipos celulares via diferenciação celular.

Antes de iniciarmos o estudo do desenvolvimento de um animal, veremos alguns conceitos importantes.

2. Vitelo

Tanto o zigoto quanto o gameta feminino podem ser chamados de célula ovo (ou simplesmente ovo). Isso porque o gameta feminino, o óvulo, é uma célula muito maior que um espermatozoide, logo, o zigoto tem praticamente o mesmo tamanho de um óvulo.  OBS: é bom destacar que, a célula na qual o espermatozoide penetra é chamada ovócito II, posteriormente é que se desenvolverá em óvulo.

Os ovos armazenam substâncias nutritivas (proteínas e lipídios) no citoplasma: o vitelo. Esse vitelo tem como função nutrir as células do embrião em desenvolvimento até que ele consiga obter alimento por conta própria. Um detalhe interessante sobre o vitelo é que, quanto maior for a quantidade de vitelo em determinada região do citoplasma, mais difícil é dividir essa região, você pode tentar imaginar o vitelo como se fosse manteiga congelada, você sabe que não é muito fácil cortar com uma faca de plástico...

2.1. Tipos de células ovos em relação à quantidade de vitelo

Isolécitos:têm pouco vitelo distribuído de forma mais ou menos homogênea pelo citoplasma, alguns inclusive são chamados de alécitos, ou seja, sem vitelo. Presente nos ovos de mamíferos, equinodermos, moluscos, anelídeos, nematódeos e platelmintos.

Heterolécitos: possuem uma quantidade relativamente grande de vitelo, distribuída de forma desigual no citoplasma do ovo. Uma região apresenta pouco vitelo (o polo animal) e outra apresenta bastante vitelo (o polo vegetativo). Presente em anfíbios e alguns peixes.

Telolécitos ou Megalécitos: ovos grandes, com bastante vitelo que ocupa praticamente todo o citoplasma, exceto uma região restrita a um pequeno disco superficial. Presente em répteis, aves, alguns peixes e moluscos cefalópodes (polvos, lulas e sépias).

Centrolécitos:grande quantidade de vitelo localizado na região central da célula (onde também se encontra o núcleo). O citoplasma é restrito a uma pequena região logo abaixo da membrana plasmática. Presente mais comumente em artrópodes.



2.2. Tipos de segmentação ou clivagem:

Segmentações ou clivagens são os nomes dados às divisões celulares (mitoses) pelas quais as células embrionárias passam. Podem ser classificadas de quatro formas:

Holoblástica ou total: a célula ovo pode ser completamente dividida de um polo ao outro. Isso se deve ao fato de que no citoplasma não há vitelo em grandes quantidades.
Meroblástica ou parcial: devido à grande quantidade de vitelo presente no citoplasma, somente parte dele sofre clivagem.
Igual: os blastômeros originados a partir das clivagens têm tamanhos praticamente iguais. Isso pode ser devido à distribuição uniforme do vitelo no citoplasma da célula ovo.
Desigual: os blastômeros originados a partir das clivagens têm tamanhos distintos (micrômeros e macrômeros), o que pode ser devido à distribuição não uniforme do vitelo pelo citoplasma da célula ovo.



3. O desenvolvimento embrionário dos animais:

Estudaremos o processo de desenvolvimento embrionário dos animais tendo como modelo um protocordado marinho chamado anfioxo (Branchiostoma lanceolatum). Esse animal é utilizado como modelo e exemplo, pois, apesar de os processos do desenvolvimento serem os mesmos da nossa espécie (Filo: Chordata; Subfilo: Craniata), têm menos detalhes e, portanto, podem ser entendidos com menos dificuldades.



3.1. Estágios do desenvolvimento dos animais:

A figura abaixo mostra quais são os estágios do desenvolvimento de um animal, partindo do zigoto. Detalhe: o zigoto não é um embrião, o animal só pode ser considerado como sendo um embrião a partir da primeira clivagem, momento no qual passa a ter duas células.



3.2. Segmentação ou clivagens: Zigoto > Mórula > Blástula.

Processo no qual um zigoto se desenvolve em mórula e depois em blástula. Há aumento do número de células, graças às divisões, porém, não há aumento do volume do embrião. Isso se deve ao fato de que as divisões celulares ocorrem muito rapidamente.



As células originadas são chamadas de blastômeros, sendo que podem ser de dois tipos:

Micrômeros:menores e originadas de regiões com menores concentrações de vitelo.
Macrômeros:maiores e originadas de regiões com maiores concentrações de vitelo.


Mórula: estrutura maciça constituída de um amontoado de células (blastômeros) similar a uma amora. As células ainda não estão diferenciadas.

Blástula: continuando a segmentação, a mórula se desenvolve em uma esfera cujo interior é preenchido por liquido a blástula. O interior preenchido por líquido é chamado blastocela (a cavidade da blástula) e a superfície é constituída por uma camada de células chamada blastoderme. As células ainda não estão diferenciadas.



OBS: Blastocisto!

A blástula dos mamíferos é chamada de blastocisto. O embrião humano se encontra nesse estágio de desenvolvimento aproximadamente cinco dias após a fertilização. Ainda nesse estágio, de sete a nove dias após a fertilização, o embrião se implanta no endométrio do útero. Pode se retirar células tronco embrionárias para serem utilizadas em pesquisas e tratamentos de embriões nas fases de mórula e blastocisto.





3.2. Gastrulação: Blástula > Gástrula.

Nesse processo ocorre aumento do número e do volume das células e é nessa fase que se inicia a diferenciação celular. No caso do anfioxo, a gastrulação ocorre por invaginação ou embolia: parte da blástula é dobrada no sentido do interior da blastocela. Ao término da gastrulação, a blastocela desaparece e passa a existir em seu lugar outra cavidade, o arquêntero ou gastrocela, que representa o início da formação do aparelho digestório.





Em relação ao blastóporo os animais podem ser:

Deuterostômios:o blastóporo origina o ânus, a boca surge posteriormente. São os cordados e equinodermas.
Protostômios:o blastóporo origina a boca, o ânus surge depois. Restante dos filos de animais, exceto os poríferos.

Os Folhetos germinativos:

São os tecidos embrionários, cuja origem inicia na fase de gástrula, que posteriormente darão origem aos tecidos adultos. Esses tecidos são três: ectoderma, endoderma e mesoderma. Os tecidos adultos são o nervoso, o muscular, o epitelial e os conjuntivos.

Ectoderma: tecido localizado mais externamente. Origina o sistema nervoso; a epiderme e os anexos da pele (pelos, unhas e glândulas); os revestimentos nasal, bucal e anal; e o esmalte dos dentes (porção mais externa dos dentes).
Endoderma: epitélio de revestimento interno do aparelho digestório (exceto o das cavidades oral e anal, que são originados pelo ectoderma). Origina também o sistema respiratório, o fígado e o pâncreas.
Mesoderma: esse tecido embrionário é formado durante a organogênese, ou seja, após os outros. Origina: músculos, derme, cartilagens, ossos e outros tecidos conjuntivos; o sangue e estruturas do sistema circulatório; e os órgãos dos sistemas genital e urinário.

3.3. Organogênese: Gástrula > Nêurula.

Na fase de nêurula ocorre enfim a formação inicial dos sistemas de órgãos corporais a partir da diferenciação das células dos folhetos germinativos. Em destaque, são originados nessa etapa o tubo nervoso dorsal (ectoderma), notocorda, somitos e o celoma (mesoderma):

Tubo nervoso dorsal (ectoderma): é o sistema nervoso do animal.
Somitos (mesoderma): estruturas que se repetem ao longo do corpo e que originam, dentre outras coisas, os músculos e os ossos (nos cordados que possuem ossos).
Celoma:cavidade corporal completamente revestida por mesoderma onde se localizam alguns órgãos corporais.
Notocorda (mesoderma): estrutura de sustentação. Também auxilia na formação do tubo nervoso dorsal. Nos cordados superiores, como os Craniata, a notocorda é substituída pela coluna vertebral (substituída, ela não ?vira? e nem se transforma na coluna vertebral).



4. Os anexos embrionários:

Os anexos embrionários são estruturas originadas a partir dos folhetos germinativos que auxiliam no desenvolvimento do embrião, mas não fazem parte do corpo dele. São eles:

Cório: membrana que recobre todo o embrião e os outros anexos. Responsável pelas trocas gasosas entre o embrião e o ambiente externo.
Âmnio: membrana que reveste o embrião e cujo interior é preenchido por liquido (amniótico). Protege contra a dessecação e choques mecânicos.
Vesícula vitelínica: bolsa que armazena o vitelo. Participa da nutrição do embrião.
Alantoide: anexo associado ao intestino do embrião, cuja função principal é a de armazenar os excretas nitrogenados. Além disso, por ter uma porção ligada ao cório, também participa das trocas gasosas.



OBS - Placenta:é um órgão formado por tecidos do embrião (cório) e da mãe (endométrio), cujas funções principais são:

I. Permitir a troca de substâncias entre mãe e filho, sem haver mistura de sangue.

  • Excretas e CO2: Filho à Mãe.
  • Nutrientes e O2: Mãe à Filho.

II. Produção de hormônios:

  • HCG (gonadotrofina coriônica humana): Mantém a integridade do corpo amarelo, de forma que ele continue a produzir estrógeno e progesterona. Esses dois hormônios impedem a ovulação e mantém a integridade do endométrio. 
  • Posteriormente, após a degeneração do corpo amarelo, a placenta passa a produzir estrógeno e progesterona.



REFERÊNCIAS:

Amabis & Martho. Biologia das Células. 3ª ed. Moderna. 2010.
Bertrand, S. et al. FGFRL1 is a neglected putative actor of the FGF signalling pathway present in all major metazoan phyla. BMC Evolutionary Biology. v.9(226). 2009.
Campbell et al. Biologia. 8ª ed. Artmed. 2010.
Catani, A. et al. Ser protagonista Biologia ? Vol. 1. Edições SM. 2009.
Holland, LZ. & Onai, T. Early development of cephalochordates (amphioxus). Wires Dev Biol. v. 1. 2012.
Strelchenko, N. & Verlinsky, Y. Embryonic stem cells from morula. Methods Enzymol. v. 418. 2006. pp: 93-108.
Na internet:
http://www.ucmp.berkeley.edu/vertebrates/tetrapods/amniota.html
http://stemcells.nih.gov
Wikipedia. Entradas diversas sobre o tema.

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