Pat Tillman não é um nome conhecido para quem acompanha o futebol americano há poucos anos, possivelmente também não o é para quem vê a NFL há mais tempo. Dentro de campo, o ex-defensor do Arizona Cardinals teve uma curta carreira de quatro anos na liga, somando 238 tackles e três interceptações. Entre 1998 e 2001, Tillman não somou números que o credenciam como um dos melhores da posição. No entanto, sua camisa foi aposentado pelos Cardinals e pelo Arizona Sun State Devils, mais pelo o que ele fez longe dos gramados do que dentro dele. Depois de quatro temporadas com o time de Glendale recebendo o salário mínimo da NFL, Pat recebeu do Arizona uma proposta de três anos de contrato e US$ 3,6 milhões. Ele recusou a oferta. O jogador decidiu interromper a carreira na liga e se alistou no exército dos EUA, em maio de 2002, oito meses após os ataques do 11 de setembro. Ao lado do irmão, o strong safety se juntou aos Rangers, uma das unidades do exército norte-americano, e foi destacado para missões no Iraque e no Afeganistão. Em abril de 2004, menos de dois anos depois de se alistar, o defensor, então com 27 anos, foi morto em uma emboscada de combatentes talibãs.Essa foi a primeira versão dos fatos. Curiosamente, o corpo de Pat Tillman não recebeu o mesmo tratamento dos outros soldados mortos em ação no Iraque ou no Afeganistão ? como foi o caso do jogador. O uniforme e outros pertences, que seriam analisados por peritos forenses, um procedimento padrão, sumiram. No livro ?Onde os Homens Conquistam a Glória? (disponível para venda no Brasil), que conta a história de Pat Tillman, Jon Krakauer relata que os legistas ficaram tão ?perturbados? com a falta de concordância entre o relato da emboscada com os ferimentos no corpo que eles se recusaram a assinar a autópsia. Em maio de 2004, mais de um mês após a morte de Pat, seu irmão, Kevin, foi informado por militares que a verdadeira causa da morte havia sido fogo amigo. Não houve emboscada. Tillman morreu com três tiros na cabeça, disparados por homens de seu próprio pelotão. A família do jogador abriu uma investigação e descobriu que houve uma tentativa do governo americano ? mal sucedida ? de esconder o que de fato aconteceu com ele no dia 22 de abril de 2004. Afinal, o ?herói de guerra? dos EUA foi morto por um erro. Segundo a obra de Krakauer, os mais altos nomes da hierarquia militar, como Donald Rumsfeld, Secretário de Defesa na época, e até o então presidente George W. Bush, sabiam do fogo amigo e optaram por escondê-lo, ficando com a versão da emboscada no desfiladeiro em Khost. Atualmente, a Pat Tillman Foundation, fundada por Marie Tillman, viúva do jogador, presta assistência aos veteranos de guerra e suas famílias, e organiza uma corrida anual na cidade de Tempe, no Arizona, a Pat?s Run. Além de aposentar o número 40, os Cardinals ergueram uma estátua de bronze do jogador ao lado o University of Phoenix Stadium, onde o time joga. Quem quiser saber mais sobre o ex-strong safety do Arizona, ?Onde os Homens Conquistam a Glória? é uma leitura recomendada.Pat Tillman, o ex-jogador de futebol americano que desistiu de milhões para lutar por seu país