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Capítulo 19 - O Sistema Mundial
ATUALIZADO 20:00 DO DIA 09/03 COM O FINAL DA MATÉRIA
Só frisando: galera disse que tá muito grande e etc. Enfim, essa matéria tem grande parte dela no livro, mas eu dei uma detalhada porque muitos não tem esse livro e menos ainda copiam o caderno do Edilberto (mais difícil ainda quem copia o que ele fala). Então para aqueles que acham muito grande, sugiro que olhem a partir do tópico SURGIMENTO DA GUERRA FRIA.
Valeu,
Félix.
Melhor que "O Sistema Mundial", o título para esta matéria deveria ser "A Guerra Fria", pois é o ponto base para se compreender o Sistema Mundial atual. E para entender a Guerra Fria propriamente, devemos analisar o contexto global desde o cenário da Primeira Guerra Mundial.
A situação da Europa pré- primeira guerra era de prosperidade econômica e de expansão comercial, o que ocasionou um clima de competição por mercados (em especial com Alemanha e Itália, que acabaram de se unificar e necessitavam expandir-se). Começou uma corrida por áreas de influência (imperialismo) e armamentista (em especial entre Alemanha e Inglaterra, países mais industrializados). Com a morte do arqueduque Ferdinando na Bósnia, iniciou-se a guerra. Durando de 1914 a 1918, a guerra deixa a Europa devastada; França, Inglaterra e Estados Unidos saem vitoriosos, EUA saem como superpotência e ajudam na reconstrução, Alemanha sai perdedora e tendo que pagar com parte do território e desmontando as forças armadas (Tratado de Versailles); a Rússia saiu um ano mais cedo, em 1917, pra consolidar as Revoluções Socialistas e derrubando o czar (assume Lênin).
Com a Europa quebrada (incluindo os vencedores), os EUA se prontificam a dar auxílio na reconstrução, aumentando relativamente a produção e o mercado externo. Mas os EUA não contavam que os europeus iam se levantar tão rapidamente do tombo. Tanto que 11 anos depois do fim da Guerra, a Europa já não importava tantos produtos dos EUA, o que aumentou consideravelmente os estoques americanos (crise de superprodução), levando à Depressão ou Crise de 1929.
Pulando mais 10 anos, vamos para a Europa de 1939. Alemanha com Hitler no poder e recuperando seu poderio militar, contrariando o Tratado de Versailles, os alemães não abriram mão de suas forças armadas; sabendo disso, ingleses, franceses e americanos fizeram vista grossa pois acreditavam que a Alemanha usaria suas forças contra o comunismo de Stalin. Liderando o Partido Nazista e baseado na teoria do "espaço vital", Hitler começou a expandir o território alemão: anexou a Áustria e a Polônia, fazendo um acordo para não atacar Stalin e vice-versa. A Itália, liderada pelo fascista Mussolini, também avançou contra territórios como a Iugoslávia e a Grécia. França, Inglaterra e, posteriormente, Estados Unidos, se mobilizaram para deter o avanço alemão na Europa. Os EUA entraram na guerra depois do ataque japonês à base naval de Pearl Harbor (único ataque a solo americano), lutando inicialmente no Pacífico e depois na Europa. A Rússia entrou na guerra no momento que Hitler quebrou o acordo e invadiu o país. Depois de um bom tempo levando taca dos nazistas, os soviéticos conseguiram uma série de vitórias e foram, num ritmo assustador, forçando o recuo do exército alemão, até a invasão de Berlim e a rendição da Alemanha. A guerra enfim acaba com a rendição do Japão após ser bombardeado em Hiroshima e Nagasaki pelas bombas nucleares dos americanos. Europa, Japão e Rússia terminaram a guerra devastados. Apenas os EUA saíram sem um baque muito forte.
Uma série de conferências foi feita entre países durante e depois da Guerra, entre elas:
- Teerã (1943): no meio da guerra; não definiu diretrizes, mas alertou os países sobre o avanço de Stalin sobre a Europa Oriental e a implantação autoritária do socialismo.
- Yalta (02/1945): perto do fim da guerra, a conferência foi para definir o futuro da Europa Oriental, sendo que Stalin prometeu dar escolha aos países quanto aos regimes que iriam seguir depois da guerra, mas nada feito.
- San Francisco (05/1945): criação da ONU, em substituição à Liga das Nações, criada no fim da 1ª Guerra, que não tinha sido eficaz e não englobava muitos países.
- Potsdam (07/1945): já terminada a guerra, a conferência reuniu os vencedores (EUA, Rússia, França e Grã-Bretanha) e definiu o pagamento das indenizações, dividindo a Alemanha em 4 zonas de influência, proibindo o Japão de ter forças armadas e cobrando o pagamento de multas dos italianos.
- Bretton Woods: delineou as estruturas econômicas globais do pós-guerra. Criou o FMI (fundo monetário internacional com função de fiscalizar a ajuda a países subdesenvolvidos), o GATT (futuro OMC, responsável por regular o comércio internacional, tarifas, etc), o BIRD (banco mundial; cuida de empréstimos a países) e estabeleceu o padrão Ouro-Dólar (o dólar agora seria uma alternativa às trocas internacionais), que foi abandonado futuramente.
Agora, o que realmente interessa...
SURGIMENTO DA GUERRA FRIA
Que foi a Guerra Fria? Foi a divisão do mundo em dois grandes pólos de influência, cada um liderado por uma das grandes potências: a URSS, socialista, junto com o Leste Europeu e parte da Ásia e os EUA, símbolo máximo do capitalismo, juntamente com as Américas (menos Cuba), a Europa Ocidental e parte da Ásia e África. Desde o fim da Segunda Guerra, certos acontecimentos criaram a tensão necessária para o início do conflito. Entre eles, podemos citar:
- 1946 - Discurso da "Cortina de Ferro": o primeiro-ministro inglês Winston Churchill, num discurso nos EUA, denunciou abertamente a ação de Moscou na Europa Ocidental através da implantação indiscriminada e totalitarista do socialismo como regime de governo, criando o que ele chamou de "Cortina de Ferro", que descia dos Montes Urais ao Mar Báltico. Além de denunciar os "males" do socialismo (contrário à liberdade individual e à iniciativa privada, por exemplo), o discurso foi um pedido implícito aos EUA... Algo do tipo: "Yo, nigga, what the hell?! Look at this shit!!". (traduzindo: "Caros americanos, precisamos de sua ajuda para deter os comunistas no Leste Europeu").
- 1947 - Lançamento da Doutrina Truman: preocupado com a influência visível do ideal comunista no mundo ocidental, o presidente americano Truman, num discurso no Congresso, pediu autorização para a implantação de bases militares na Europa e lançou um pacote de medidas sociais e econômicas que servissem para conter o avanço comunista (política de contenção). A partir dessas medidas, surgiram posteriormente os planos Marshall (ajuda econômica à Europa Ocidental), Colombo (também de ajuda econômica), a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte, pacto militar com a Europa e o Canadá), a SEATO (pacto militar com países asiáticos e africanos) e o ANZUS (pacto militar com Austrália e Nova Zelândia).
Em resposta a esses planos/pactos, a URSS lançou planos análogos posteriormente, como o COMECON (plano econômico entre os países do grupo socialista) e o Pacto de Varsóvia (pacto militar soviético).
- 1948 - Bloqueio de Berlim: a zona ocidental da Alemanha começou a ser abastecida com uma nova e forte moeda, o marco, que acabou chegando à Berlim Ocidental e influenciando psicologicamente o lado Oriental. Moscou ficou vermelha (mais ainda) de raiva e bloqueou todas as vias terrestres de abastecimento de Berlim, gerando grande tensão entre os dois lados. Depois de 11 meses de bloqueio, Stalin cedeu à pressão ocidental e levantou o cerco.
- 1950 - Guerra da Coréia: a Coréia, desde o fim da Segunda Guerra, estava dividida em Coréia do Norte (influência soviética) e Coréia do Sul (livre e capitalista), separados pelo paralelo 38ºN. O exército chinês de Mao Tsé-Tung (líder comunista) ocupou a porção Norte da ilha, apoiado pelos russos, em 1949. No ano seguinte, os líderes comunistas decidiram iniciar a tentativa de reunificação das duas Coréias, invadindo a capital sul-coreana Seul. Os EUA, com apoio da ONU e do exército das Nações Unidas, organizaram a retaliação. Avanços e recuos dos dois lados, foi assinado um tratado de paz, mas esse não surtiu efeito. A guerra só terminou em 1953, quando a tensão nuclear impediu o avanço de ambos os lados (os russos tinham concluído com sucesso os testes com a sua bomba de Hidrogênio), causando o armistício (ambos os lados voltaram às posições de antes da guerra). O país continua dividido até hoje pelo paralelo 38.
Com o fim da Guerra da Coréia, a bomba atômica soviética e a morte de Stalin em 53, a Guerra Fria era uma realidade.
SITUAÇÃO DA URSS
- Morte de Stalin em 1953: com a morte do líder soviético, sobe ao poder na URSS Nikita Khrushchov (para simplificar, só Kruschov). Já no início de seu governo, Kruschov condena os crimes do stalinismo e começa a dialogar com os capitalistas, propondo uma coexistência pacífica entre as potências (política de distensão).
- Crises internas: por mais que Kruschov tenha mencionado uma "coexistência pacífica", isso era um luxo apenas entre inimigos externos. Conflitos internos foram muito comuns e fortemente combatidos por Moscou, pois existiram muitas tentativas locais de flexibilização do regime socialista. As crises mais notáveis foram:
- Revolução Húngara de 1956: vendo que o governo e a população da Hungria estavam preparando uma revolução, Moscou substituiu o líder de estado, nomeando Imre Nagy. Inicialmente, Nagy apaziguou a revolução, mas com o tempo ele foi atendendo às reivindicações populares e flexibilizando o regime. Sabendo disso, Kruschov mobilizou as tropas para invadir Budapeste. Nagy então se retira do Pacto de Varsóvia e pede ajuda à ONU. Com isso, as tropas do Pacto de Varsóvia invadem e tomam a cidade, matando Nagy e cerca de 20.000 civis húngaros, colocando um simpatizante de Moscou no poder.
- Rompimento Sino-soviético: divergências entre Pequim (Mao Tsé-Tung, stalinista e antiocidente) e Moscou (Kruschov, antistalinista e conciliador) fizeram com que a China deixasse de ser aliada da URSS. Dos motivos, podemos citar o programa nuclear chinês, que feria a hegemonia soviética no ramo e o alinhamento de Laos e Camboja com a China. (Polpot: ditador do Laos, maoísta -a favor de Mao, queria instalar o Khmer, ou Império Vermelho, implantou regime ditatorial que matou uma penca de gente.)
- Muro de Berlim, 1961: Moscou manda levantar um muro separando Berlim Ocidental de Berlim Oriental, impedindo a passagem de pessoas/mercadoria/dinheiro de um lado para o outro, evitando influências maiores por parte do lado ocidental. Se tornou no símbolo máximo da Guerra Fria.
- Crise dos mísseis em Cuba, 1962: talvez um dos episódios mais tensos da Guerra Fria. Cuba, que desde a subida ao poder de Fidel Castro, em 1959, era uma espécie de vitrine do socialismo (a URSS bancava um modelo de vida maravilhoso em Cuba), virou palco de uma crise militar: em 62 os EUA descobriram bases para lançamento de mísseis soviéticos na ilha e o presidente Kennedy ordenou que a ilha fosse cercada militarmente até que os russos desativassem as bases. Depois de negociações bilaterais, as bases foram desmontadas.
- Primavera de Praga, 1968: o líder tcheco (Tcheco?!) Alexander Dubcek iniciou um processo que chamou de "desestalinização" da Tchecoslováquia, abrindo o país para influências externas e dando mais liberdade política aos cidadãos. O líder soviético na época era Brejnev (que liderou a URSS de 1964 a 1982), que também acreditava na Distensão de Kruschov e no abafamento de crises internas; sendo assim, Brejnev mandou as tropas do Pacto de Varsóvia à Praga (capital tcheca), detendo Dubcek. A resistência foi de certa forma pacífica, pois a população era instruída a desorientar os invasores, que acabaram saindo sem fazer tantos estragos.
- Polônia, 1980: grupos de poloneses (incluindo na época o futuro Papa J. Paulo II), criaram um movimento pró-independência Solidariedad, que conseguiu resistir à pressão de Moscou e elegeu, em 1989, o liberal Lech Walessa, prenunciando o fim da influência comunista-soviética no Leste Europeu.
Ah, uma observação importante sobre os países da URSS: Albânia e Iugoslávia não foram forçadas por Moscou a adotar o socialismo. Nesses países, os governantes Tito (Iugoslávia) e Hoxa (Albânia) expulsaram os nazistas e fascistas sem ajuda do exército vermelho (russos) e adotaram o socialismo por iniciativa própria.
Outra coisa: um termo muito usado para denominar os países da URSS além da Rússia é "satélites de Moscou", indicando sua influência direta das ordens do Kremlin.
Boa prova!
Erros no resumo ou informação confusa, só comentar que eu corrijo!
Abaixo, mapa da Europa no pós-Segunda Guerra:
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