Casa dos Resumos
Senhora (José de Alencar)
Emília é irmã do Sr Lemos e vivem juntos. Emília se apaixonou por Pedro Camargo, um médico pobre, mas a família não o aceitava. Então Emília fugiu com seu amado, rompendo com sua família. Emília se casou secretamente com Pedro Camargo, que era filho natural de um rico fazendeiro, Lourenço de Sousa Camargo, que ao saber do paradeiro do filho o manda buscar sem saber da união. Este volta para a fazenda paterna, mas não tendo coragem para enfrentá-lo, envia cartas amorosas à esposa e dinheiro para seu sustento. Após um ano de separação, o casal se reencontra, nascendo o primeiro filho, Emílio, que o pai só conhece aos 2 meses de idade. Passam a viver algumas semanas juntos e outras separados, temendo que o velho descubra tudo e não mais os ajude. Nasce a segunda filha, Aurélia.
Emília nada pode revelar sobre seu casamento e, por isso, leva uma vida suspeita e obscura. Apesar de tudo, Pedro sustenta a família e educa bem os filhos. Após doze anos de convivência com a esposa, Pedro sofre um golpe cruel. O pai lhe apresenta uma noiva de 15 anos, filha de um rico fazendeiro. O moço não querendo contar que já era casado então foge e se esconde em um rancho e aí acaba morrendo de febre cerebral, deixando 3 contos de réis a um tropeiro para ser levado a Emília, sem mencionar a dor pela qual está passando. Assim, faz o homem e Emília perde para sempre a alegria de viver.
Aurélia, na infância, leva vida modesta em companhia da mãe e do irmão, criatura fraca que é sempre ajudada, em seu trabalho de caixeiro, pela moça, sobrecarregada de tarefas. Morto o irmão, a mãe começa a preocupar-se com o destino da filha, falando-lhe constantemente sobre a necessidade de se casar e de se colocar à janela, pois bonita como é, logo arranjaria pretendentes. Apesar de desgostosa, Aurélia atende aos apelos. O tio Lemos (irmão de sua mãe) logo corre à janela, agindo como candidato, mas a moça quer reatar laços com a família materna. O tio deixa-lhe um bilhete galanteador e a menina rompe de vez a amizade.
O próximo a se candidatar é Fernando Rodrigues de Seixas, recém chegado do Rio de Janeiro que, conquistando a atenção de Aurélia, passa a freqüentar-lhe a casa, sentindo-se constrangido em namorar moça tão pobre. Há, ainda, Eduardo Abreu, rapaz rico e de boa família que encantado com a beleza da menina, pede sua mão em casamento, mas Aurélia ama Seixas. A mãe resolve perguntar ao eleito sobre suas intenções em relação à filha, mas sabendo do interesse de Abreu pela garota, Fernando prefere perdê-la a fazê-la sofrer com sua pobreza. Porém sabendo da recusa de Aurélia com Abreu, Seixas volta e a pede em casamento.
O senhor Lemos resolve interferir nos acontecimentos e ao encontrar o pai de Adelaide, o Sr. Manuel Tavares do Amaral lhe fala sobre as vantagens do casamento da moça, já prometida a outro, com Seixas. O pai não gosta do pretendente da filha, Dr Torquato Ribeiro, porque pobre, não tem muito futuro pela frente. Passa a se interessar por Seixas e por isso o apresenta em casa. O rapaz começa a calcular as vantagens do casamento com Adelaide e, por fim, quando o chefe da casa lhe oferece o dote de 30 contos de réis, Seixas o aceita imediatamente. Então Aurélia recebe uma carta anônima dizendo que Fernando a trocou pelo dote de 30 contos de réis.
A moça fica infeliz, mas, por outro lado, reencontra o avô, Lourenço de Souza Camargo (pai do seu pai) que apareceu lhe procurando e que decidira reconhecer mãe e filha, pois descobrira cartas e fotos da família nas coisas do filho que morreu. Desafortunadamente, tanto a mãe quanto o avô logo morrem.
Um comerciante visita Aurélia e lhe traz o testamento de Lourenço, reconhecendo-a como herdeira universal, lhe apresentando uma lista de seus bens e explicando sobre os negócios pendentes. Os parentes, que jamais se aproximaram dela, tão logo sabem sobre a herança, correm para vê-la, inclusive o tio Lemos, munido de uma nomeação para ser seu tutor. Mas Aurélia sabe muito bem conduzir os negócios, sobretudo graças ao aprendizado adquirido com o trabalho do irmão. A menina desamparada passa a morar com a parenta afastada, D.Firmina Mascarenhas.
Aurélia pensa em recusar a tutela, mas logo acha interessante ter um tutor que domina. Aceita-o sob a condição de jamais viver com a família que tanto desprezara a mãe.
Aurélia Camargo, moça que era pobre, então, torna-se rica graças à herança do avô, recebida aos l8 anos, quando é apresentada à sociedade fluminense. Encanta a todos com sua esplendorosa beleza. Aurélia é quem governa a casa como bem entende. A velha senhora é uma espécie de "mãe de encomenda", forma de não chocar aqueles que se opõem à emancipação feminina.
Sua beleza desperta o interesse de muitos rapazes, sabendo, sagazmente, os riscos que corre. Revoltava-se, às vezes, contra sua riqueza por reconhecer nela um dos motivos para tantos admiradores. Por isso, a cada um atribui um valor em contos de réis, fato que os rapazes conhecem e os diverte diante de tanta franqueza da moça.
Aurélia tendo como tutor o irmão de sua mãe, o Senhor Lemos, vez por outra, o convocava para resolver problemas sem importância. Numa determinada manhã ele foi chamado para discutir sobre o casamento da jovem. Surpreendentemente, ela lhe apresenta um negócio a ser entabulado para a obtenção do consentimento do futuro marido. Faz referência a Manuel Tavares do Amaral, empregado da alfândega, que como já disse acima, tinha ajustado o casamento da filha Adelaide por um dote de trinta contos com o Seixas.
Então solicita ao senhor Lemos que a auxilie a desmanchar esse casamento, indicando que a moça deve se casar com o Dr Torquato Ribeiro, verdadeiro amor de Adelaide, repelido por ser pobre. Pede ao tutor para dar 50 contos de réis, (retirados da herança de Aurélia), como dote a Ribeiro, porque deseja se casar com o moço prometido à Adelaide; este a quem ela já havia namorado. O tio deveria procurar o moço escolhido e lhe propor 100 contos de réis e casamento com separação de bens, mantendo absoluto segredo sobre quem faz a proposta.
Fernando Rodrigues de Seixas, é um rapaz de poucos recursos desde a infância. Vivia com a mãe e duas irmãs que o veneravam. Órfão aos 18 anos, abandonou o terceiro ano de Direito em São Paulo, ocupando o cargo de jornalista, tendo certo sucesso na imprensa fluminense. Em sociedade apresentava-se como um moço rico.
O velho Lemos foi procurar Seixas que de pronto se negou a aceitar o acordo, entretanto, dias mais tarde, foi encontrá-lo para aceitar a proposta, desde que lhe fossem adiantados vinte contos de réis, sem dizer em que os aplicaria. O adiantamento é aceito. Seixas se decide pelo acordo porque gastou as economias maternas e agora tinha que dar à irmã um dote para seu casamento. Então, decide-se, confirmando seu propósito com Lemos.
Após receber os vinte contos de réis, Seixas é apresentado à futura noiva. Pelo trajeto, vai sufocado pela humilhação a que se submete, contudo Lemos avisa que a moça nada sabe sobre o acordo. Quando viu quem era a moça ele se assustou. Dias mais tarde, oficializou o pedido de casamento, prontamente, aceito por Aurélia Camargo. A sociedade fluminense fica assombrada com a notícia, não podendo crer que com tantos admiradores ricos a escolha tenha recaído sobre um marido sem fortuna.
A celebração é modesta com poucos convidados e os noivos se sentem felizes. Porém, quando ficam a sós, a moça se revela de forma cruel, mostrando-lhe desprezo e mencionando o acordo de cem contos de réis. O casamento com Fernando Seixas é acertado pelos 100 contos de réis, revelados por ela na noite de núpcias, quando expõe todo seu desgosto para com o comportamento de traição anterior do rapaz, quando a trocou por Adelaide. Seixas, diante da fúria da noiva, afirma não amá-la, só se interessando pelo dote e, portanto, está pronto para atender suas ordens. Aflita, angustiada e surpresa, ordena que ele se retire. Passam a viver sob a aparência de um casal feliz, mas se martirizam com ironias e sarcasmos, levando vidas separadas quando estão longe do convívio social.
Dr. Torquato Ribeiro se casa com Adelaide.
A Restituição
Passado alguns meses, Fernando fica sabendo que tem direito a 20 contos de réis, resultantes de um negócio feito quando solteiro. Então pede um encontro reservado com a esposa e lhe restitui com juros os 100 contos de réis, contando-lhe sobre as circunstâncias que o levaram a ter aceitado o seu dote para o casamento.
Aurélia, então, surpresa, aceita a restituição, mas quando ele se despede dela, dizendo que nunca mais se veriam e que iria embora, Aurélia ajoelha-se e declara seu amor, dizendo que o perdoa, pedindo que ele a ame. E como última tentativa e prova de que não o enganava, ela mostra-lhe seu testamento, que fez logo após o casamento, passando-lhe tudo o que tinha.
E por fim, eles se beijam e o casamento se consume, finalmente!
Características:
- José de Alencar critica, em muitos trechos do romance, o modo como o dinheiro influía na sociedade da época. Utilizando para o fazê-lo, a sua personagem principal: Aurélia. A narração do livro cita por várias vezes como Aurélia recorre ao pensamento de que todos a rodeavam por causa do dinheiro que possuía.
- Características românticas apresentadas pelos personagens e pela obra: Publicado em 1875, "Senhora" traz características essencialmente românticas, como se pode ver pelo núcleo de seu enredo simples, típico dos dramas de amor do Romantismo: Aurélia Camargo, filha de uma pobre costureira, apaixonou-se por Fernando Seixas, a quem namorou. Este, porém, desfez a relação, movido pela vontade se se casar com uma moça rica, Adelaide Amaral.
- Costumes típicos apresentados na obra: À época, o Segundo Reinado, vigora o regime de casamento dotal, em que o pai da noiva (ou, no caso, ela mesma) deveria dar um dote ao futuro marido.
- O livro se divide em partes:
a) O preço: seria o valor do dote do casamento
b) Quitação: o pagamento do dote
c) Posse: a posse de Aurélia sobre Seixas
d) Resgate: a restituição do dote (dinheiro) para Aurélia.
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