TECIDOS EPITELIAIS
Casa dos Resumos

TECIDOS EPITELIAIS



RESUMO DE HISTOLOGIA

Maximiliano Mendes - 2012

Histologia é a disciplina que estuda os tecidos dos organismos multicelulares. É uma especialidade importante, pois, por exemplo, é bastante útil saber como é o aspecto de um tecido sadio e o de um tecido afligido por algum tipo de doença, com fins de diagnóstico. Outro exemplo é o campo da engenharia de tecidos, no qual se busca desenvolver tecidos de forma artificial.

Tecidos: conjunto de células em geral semelhantes na forma e função. Constituem os órgãos.

Nesse resumo veremos apenas os tecidos dos animais, mais especificamente da espécie humana, originados a partir dos folhetos germinativos (endoderma, ectoderma e mesoderma), os tecidos embrionários que dão origem aos tecidos adultos:

Tecido
Aspecto das Células
Matriz Extracelular
Principais Funções
Nervoso
Longos prolongamentos
Nenhuma
Transmissão de impulsos nervosos
Epitelial
Células justapostas
Pouca
Revestimento da superfície ou de cavidades do corpo, secreção.
Muscular
Células alongadas e contráteis
Quantidade moderada
Movimento
Conjuntivo
Vários tipos de células fixas e migratórias
Abundante
Apoio e proteção (imunitária).
Modificada a partir de Junqueira & Carneiro (2004).


TECIDOS EPITELIAIS



Funções:



De forma geral, os epitélios possuem células firmemente unidas umas às outras e pouca substância intercelular (entre as células ou extracelular), a chamada matriz extracelular, produzida pelas próprias células do tecido e que consiste em uma rede de macromoléculas (como proteínas e polissacarídios). Também é importante destacar que logo abaixo de um epitélio, normalmente há uma camada de fibras de proteínas, a lâmina basal (integrante da matriz extracelular), e abaixo desta, um tecido conjuntivo.

Tipos:


A maior parte do que será visto nesse resumo se refere aos epitélios de revestimento, que podem ser classificados da seguinte forma:

Quanto à forma das células:



Quanto ao número de camadas celulares:



Exemplos de tecidos epiteliais:

Fonte da imagem: Junqueira & Carneiro. 2004.


  • Simples pavimentoso: uma camada de células pavimentosas. Ocorrem em locais que não necessitam de proteção mecânica (estão submetidos a pouco atrito) e onde há troca de substâncias (capilares sangüíneos e alvéolos pulmonares).
  • Simples cúbico: uma camada de células cúbicas, com invaginações da membrana plasmática na face superior, cuja função é aumentar a área superficial destinada à absorção de substâncias. Ocorre nos túbulos renais, onde há absorção de substâncias úteis presentes na urina (sais, glicose, água e etc.).
  • Simples prismático (ou colunar): uma camada de células prismáticas. Reveste o interior dos órgãos do aparelho digestório, onde há células secretoras de muco e células responsáveis pela absorção de nutrientes. No intestino delgado as células apresentam microvilosidades, prolongamentos da membrana plasmática cujo objetivo é aumentar a área de absorção.
  • Pseudo-estratificado colunar: uma única camada de células com núcleos em alturas diferentes. Presente no aparelho respiratório, no qual algumas de suas células produzem muco, onde se aderem partículas de sujeira, e células ciliadas, cuja função é, graças ao movimento ciliar, transportar as partículas para fora do aparelho respiratório.
  • Epitélio estratificado pavimentoso: formado por várias camadas de células, sendo as mais superficiais achatadas. Ocorre em superfícies sujeitas ao atrito, como a pele e mucosas oral e vaginal. Nesse tipo de epitélio há uma camada inferior, de células que se multiplicam bastante, e uma camada superior de células com baixa capacidade de multiplicação. Na epiderme, esta é chamada camada córnea, constituída de células mortas e impregnadas de queratina, proteína que tem como função principal impedir a perda de água.

Epitélios glandulares

As glândulas são formadas a partir dos epitélios de revestimento, como ilustrado a seguir:

Fonte da imagem: Junqueira & Carneiro. 2004.

Epitélios glandulares são aqueles responsáveis por constituir as glândulas, estruturas cuja função principal é a de produzir e eliminar uma mistura de substâncias característica de cada glândula, chamada secreção.

As glândulas podem ser classificadas em três tipos:


  • Exócrinas: caso haja um duto que comunica a glândula com o epitélio que a originou. Graças à presença do duto, as secreções são lançadas na superfície desse epitélio. Ex: sudoríparas, salivares, lacrimais, sebáceas e etc.
  •  Endócrinas: não apresentam um duto que as comunicam aos epitélios que as produziu, sendo assim, suas secreções são lançadas em vasos sangüíneos associados. Ex: tireóide, adrenais, hipófise e etc.
  • Mistas ou anfícrinas: apresentam uma porção exócrina e uma porção endócrina. Ex: pâncreas, cuja porção exócrina produz uma secreção contendo enzimas digestórias, o suco pancreático, e cuja porção endócrina produz os hormônios insulina e glucagon.

Especializações das membranas das células epiteliais:

Utilizarei como exemplo uma célula prismática do epitélio simples prismático do intestino delgado:


  • Microvilosidades: proeminências da membrana celular cuja função é aumentar a área superficial da célula (aumentar a área da superfície de absorção). Outra especialização que também se destina a aumentar a área superficial de absorção são as invaginações da membrana, encontradas em células dos túbulos renais.
  • Zônula de oclusão: junção situada nas porções superiores das células cuja função é a de unir firmemente células vizinhas de forma que os nutrientes não venham a se difundir por entre as células, mas sim sejam absorvidos por elas (a fim de permitir um melhor controle daquilo que é absorvido, e também a modificação dos nutrientes).
  • Zônula de adesão: cinturão localizado logo abaixo da zônula de oclusão. Tem a função de aderir uma célula à outra firmemente e é constituído de filamentos protéicos como actina e miosina.
  • Junção comunicante: são canais protéicos (conexinas) que comunicam o citoplasma de duas células adjacentes.
  • Desmossomos: estruturas que consistem em dois discos ou botões protéicos, um em cada célula, com a função de unir duas células vizinhas. Entre uma célula e a lâmina basal, há os chamados hemidesmossomos, consistindo de apenas um disco do qual partem filamentos protéicos que se associam às proteínas da lâmina basal.

*A pele

A pele não é um tecido, é um órgão que possui um epitélio (epiderme) e um tecido conjuntivo logo abaixo (a derme). No que diz respeito à sua estrutura, ela possui:

Retirada de: http://belezaonline.com/

  • Epiderme: o epitélio é a camada superficial da pele, constitui uma barreira que impede a entrada de microrganismos. Possui uma camada mais interna de células que se multiplicam bastante (germinativa ou basal) e sua camada mais externa apresenta células mortas e queratinizadas (córnea). A epiderme produz glândulas, como as sudoríparas e a sebáceas. É na epiderme que se encontram os melanócitos, células especializadas na produção de melanina, pigmento que protege contra a radiação UV. (Veja a figura adiante). Um detalhe importante acerca dessas células é o de que, independente da cor da pele, o número de melanócitos tende a ser igual na espécie humana, sendo as tonalidades de pele definidas pela quantidade de melanina produzida. As unhas são anexos consistindo de restos de células mortas e queratina, cuja função principal é a de proteger as pontas dos dedos e facilitar o manuseio de objetos.
  • Derme: tecido conjuntivo denso e não-modelado que garante suporte e nutrição à epiderme e onde se localizam receptores sensoriais diversos, folículos pilosos (originados pela epiderme) e vasos sangüíneos. Os pêlos são anexos da pele que consistem de queratina e células epidérmicas mortas, têm a função de atuarem como isolantes térmicos, dentre outras. Originam-se dos folículos pilosos, que por sua vez se desenvolvem a partir da invaginação de células epidérmicas.
  • Abaixo da derme há a chamada tela subcutânea, um tecido adiposo (conjuntivo) que atua como isolante térmico e reserva de energia. Não faz parte da pele!

Melanócito. Os pontos pretos representam grânulos de melanina.

As principais funções da pele são:


  • Proteção: como barreira mecânica e devido ao fato de que as secreções das glândulas sebáceas e sudoríparas contêm substâncias capazes de eliminar microrganismos.
  • Regulação da temperatura corporal: quando a temperatura corporal sobe, os vasos sangüíneos da derme se dilatam de forma a irradiar mais calor para o meio. (Quando a temperatura esfria os vasos se contraem de forma a minimizar esse processo).
  • Função sensorial: devido à presença dos diversos receptores sensoriais.

No que diz respeito aos cuidados que devemos ter com a pele, devemos buscar mantê-la:


  •  Limpa, de forma a evitar a proliferação de microrganismos.
  • Hidratada, para evitar que o ressecamento provoque rachaduras por onde os microrganismos patogênicos podem penetrar.
  •  Evitar a exposição excessiva ao sol, para que a radiação UV não venha a queimar a pele e promover o surgimento de tumores. Todavia também é bom lembrar que a exposição moderada ao sol nos períodos do dia nos quais ele está mais distante no horizonte (início da manhã e final da tarde) é importante para que haja a produção da vitamina D, fundamental para que haja a absorção do íon cálcio!

Para terminar, alguns comentários sobre a radiação UV e os filtros solares:

Tipos de radiação UV:


O número do FPS de um protetor solar indica quanto tempo alguém pode ficar exposto à luz do sol sem se queimar. Como assim? Vejamos um exemplo:

Marcinho é muito branco e cyber-atleta. Para ele, FPS significa first person shooter. Se exposto a luz solar, em média começa a sofrer queimaduras em cinco minutos. Caso utilize protetor solar cujo FPS é 10 (10 vezes mais proteção), só começará a sofrer queimaduras após 10 x 5 = 50 minutos de exposição ao sol (pelo menos em teoria).

No link a seguir há um vídeo curto resumindo algumas informações sobre a pele:


REFERÊNCIAS

Amabis & Martho. Biologia das Células. Moderna. 2004.
Junqueira & Carneiro. Histologia Básica. 10ª Ed. Guanabara Koogan. 2004.
Sônia Lopes. Bio: Volume Único. 2004.

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