China, Índia e América do Sul
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China, Índia e América do Sul


China eu já falei um pouco num outro resumo, mas vamos rever alguns pontos. Desde 1949, a China é socialista - em 49, liderados por Mao Tsé-Tung, os comunistas derrubaram os nacionalistas do poder e os expulsaram para Taiwan (ou Formosa, a "República Rebelde"). Subindo ao poder, os comunistas do PCCh (Partido Comunista Chinês) instauraram uma ditadura, aliados aos vizinhos soviéticos também socialistas - por mais que Tsé-Tung e Stálin tivessem prioridades distintas, num primeiro momento eles se mantiveram aliados contra os capitalistas do Ocidente (Guerra Fria). Mas, em 1960, querendo iniciar um projeto para a fabricação de um arsenal atômico, chineses acabaram se desentendendo com os russos e a aliança se desfez.

A China então, nas décadas de 60 e 70, realizou uma "trajetória singular": no meio da Guerra Fria, não estava nem do lado dos soviéticos nem dos americanos. Foi o completo fechamento econômico e político do país, sendo que o ditador maoísta instaurou uma Revolução Cultural, censurando e perseguindo tudo que não estivesse de acordo com seu governo ou que fosse de influência ocidental/capitalista.

De repente, por mais estranho que seja, a China se aproximou dos EUA: em 72, o presidente Nixon faz uma visita aos chineses. Esse fato gerou uma mudança na Guerra Fria, inaugurando a famosa "Diplomacia Triangular": americanos e chineses de um lado, rompidos com os russos, do outro. O isolamento de Moscou foi um aspecto primordial para o enfraquecimento dos soviéticos na Guerra Fria a partir da década de 70.

Em 76, com a morte do ditador Mao, assume seu substituto Deng Xiao Ping, que começa um processo de abertura econômica do país. Mao sabia ele que essa abertura econômica daria no que deu (a economia da China hoje é quase capitalista) e, muito menos, que geraria uma revolta popular - como ele abriu economicamente, esperava-se que ele fosse dar mais direitos políticos para os cidadãos, mas nada feito. Protestando na praça da Paz Celestial, o povo foi massacrado: tanques e exército literalmente passaram por cima de quem protestava (o episódio ficou conhecido como Massacre da Praça da Paz Celestial ou Primavera de Pequim).

Ópio. A droga feita da papoula e que tem um efeito alucinógeno muito doido foi uma das causas das guerras entre ingleses e chineses que se deram em Hong-Kong (1839 - 1997). A província inglesa na China seguia os moldes capitalistas, o que incomodava demasiadamente os ditadores chineses - e um dos principais negócios de Hong Kong era o comércio de ópio com a China. Em 39, porém, Mao Tsé-Tung proíbe a importação de ópio, deixando a Inglaterra boquiaberta e sem o principal mercado consumidor de ópio. Inicia-se então um sequência de guerras que envolvem a tendência imperialista dos britânicos e o fechamento da China de Tsé-Tung. Em 97, depois de vários conflitos e vários acordos, a Grã-Bretanha concordou em ceder Hong-Kong, com a única condição de que a ex-província continuasse capitalista. Outras províncias de China que foram sendo devolvidas/anexadas foram: Macau (ex- Portugal, devolvida em 99) e a região do Tibet (que pertencia à Índia).

China então é isso. Agora Índia - além das coisas que vocês aprendem na novela, o que mais importa é a formação do território e da economia da Índia.

Há um bom tempo, em 1947, quando Mahatma Gandhi liderou a resistência não-violenta contra o domínio britânico e conseguiu levar o país à independência, o território da antiga província britânica foi dividido em República do Paquistão (território descontínuo, metade a leste e metade a oeste da Índia) e República da Índia. Em uma sequência de guerras, o Bangladesh (porção oriental do Paquistão) conseguiu sua independência; o Nepal (porção montanhosa entre Índia e China) ficou independente; Mao Tsé-Tung invadiu uma porção a nordeste da Índia, o Tibet; e os territórios ficaram como são hoje. Mas, por mais que as fronteiras estejam assinaladas, existe na parte noroeste da Índia uma região com maioria muçulmana que luta pela separação da Índia e união com o Paquistão (país islâmico). Tal região chama-se Caxemira e vive atribulada por conflitos entre os hindus e os muçulmanos, apoiados pelo Paquistão. A situação fica mais complicada ainda quando vemos que ambos os países têm arsenais nucleares e não são assinantes do TNP (Tratado de Não-Proliferação de armas atômicas).

Indianos separam-se em castas, certo? Por mais que seja algo já proibido pelo governo, é uma tradição tão enraizada na sociedade que não adianta um decreto governamental para acabar com ela. Desde séculos antes de Cristo, as castas são realidade no território que hoje chamamos de Índia. Por nascimento e por religião, separam-se os estratos da sociedade - não há mobilidade social e entre as castas existe rivalidade/discriminação. São 4 castas principais, em ordem de importância:
  1. Brâmanes (sacerdotes)
  2. Kshatriyas (guerreiros)
  3. Vaiçyas (artesãos e mercadores)
  4. Sudras (servos)
Numa casta, podem ser observadas centenas ou até milhares de subdivisões, mas estas são as principais. Abaixo dos servos, encontram-se os intocáveis (Dhalits) - impuros, que cometem crimes contra a religião ou que nascem já nessa categoria. Os Dhalits são discriminados e vivem em situações miseráveis (são tratados como bichos, ou até pior que os bichos, porque as vacas são consideradas sagradas e, como disse uma dhalit num depoimento: "Nós somos piores que as vacas, porque pelas vacas as pessoas pelo menos rezam"). São obrigados a catar dejetos e a viver nas ruas, não entrando em contato com ninguém das outras castas.

Economicamente, a Índia tem se mostrado forte. É um dos emergentes (BRIC's), além de manter um desenvolvimento sustentável e ser um dos berços de "cérebros" do mundo (muitos matemáticos, químicos, físicos e diversos estudiosos indianos são "exportados" para o primeiro mundo). Sua indústria cinematográfica é uma das maiores do mundo, desafiando Hollywood (na quantidade de produções e, atualmente, em estúdios). O crescimento do PIB tem se mantido desde o início do século a uma taxa média de 6% ao ano (e tende a crescer).

Ligando o assunto aos países emergentes do BRIC, podemos fazer uma análise comparativa dos 4 países. As semelhanças dão-se no campo econômico e geográfico, digamos assim, pois os 4 países são emergentes, têm PIB's semelhantes, são gigantescos (áreas continentais) e têm superpopulações (ainda em crescimento demográfico). Mas as semelhanças acabam por aí. No mais (historicamente, socialmente, politicamente), eles são completamente diferentes:
  1. Brasil: historicamente, passamos de uma monarquia para uma república, com uma pequena época de ditadura (leve), com transição pacífica para a democracia. Socialmente, temos uma grande parcela de pobres, mas nada que se compare aos Dhalits, por exemplo; e sofremos com um dos maiores níveis de violência urbana do globo. Politicamente, sofremos com a corrupção, marca cada vez mais própria do país.
  2. Rússia: historicamente, passou de Império a potência socialista, sendo um dos pólos do mundo por meio século. Hoje, é um dos cacos da URSS, tendo problemas como o caso da Chechênia (terrorismo); não há uma verdadeira democracia há séculos. Socialmente, não vai bem, pois a população é muito pobre e a distribuição de renda não é igualitária.
  3. Índia: como falamos, passou de uma colônia para uma democracia na verdade controlada pelo sistema de castas, com 1/3 da população miserável e uma das maiores populações da Terra (depois da China). Tem problemas de terrorismo interno - Caxemira.
  4. China: vive no regime socialista, tem a maior população do mundo. Já passou por ditaduras severas e períodos extensos de fome e terror (Revolução Cultural, por exemplo). Hoje é aberta para o capitalismo externo, sendo uma das maiores exportadoras do mundo atualmente (maior taxa de crescimento anual, mas ainda muito dependente dos EUA).

Olhando agora para a América do Sul, detalhemos as relações internacionais:A ditadura militar, por exemplo, que se instaurou nos dois países em meados do século passado, e que foi findada pela Guerra das Malvinas (na Argentina, em 82) e pelo movimento das Diretas Já! (no Brasil, em 84). A crise que se instalou durante e depois da ditadura também é fator comum: uma enorme recessão e inflação galopante tomou conta dos dois países (mais fortemente na Argentina), sendo feitas várias tentativas para acabar com tal situação. No Brasil, o plano Real conseguiu vencer a inflação, enquanto que na Argentina foi necessário mais tempo e apoio dos demais países da América do Sul para vencer a recessão (tanto que hoje a Argentina sofre muito mais que o Brasil com a crise de 2008).

Diga-se de passagem, o Brasil é muito beneficiado pelo Mercosul: é o principal país (economicamente) do grupo e, com a recente adesão de Venezuela e Bolívia, pode importar com mais vantagens o petróleo da Venezuela (que é mais pesado que o brasileiro, sendo mais apropriado para a fabricação de diesel e derivados) e o gás natural da Bolívia (que o Brasil é completamente dependente).

Resumidamente, é isso. Aconselho que leiam as páginas do livro que falam da situação da América do Sul (é lá pela 500).

Infelizmente, não sei se conseguirei acabar os resumos de biologia. Então, como já terminei geografia, amanhã eu darei uma aula de revisão só de biologia das 7 às 8 horas na sala do 3º ano D.

Abraços!
Novamente, desculpem-me os atrasos.
Ocorrendo erros, avisem-me por comentários. Valeu!



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