Casa dos Resumos
Iluminismo - Rousseau - Kant
A matéria começa com Iluminismo, mas como o Iluminismo tem bases no Liberalismo (de John Locke e Adam Smith), vamos dar uma geral no Liberalismo.
O liberalismo é uma corrente ideológica que prega, como o nome sugere, a liberdade - do indivíduo e da sociedade, como um todo. O Liberalismo se mostra em diversos campos, tais como o da política, o da sociedade, o da religião, o da ética e o da economia.
- Na política: vai contra o Absolutismo. É a favor de um Estado representativo, ou seja, que represente a vontade da população e atue como mediador das decisões, usando os impostos para garantir os direitos naturais do cidadão (depois eu falo dos direitos naturais quando falar de contrato social).
- Na ética: prega a liberdade de pensamento e de expressão, baseando-se no fato de que não existe verdade tida como absoluta.
- No campo econômico (Adam Smith): o Estado deve intervir o menos possível na economia, dando espaço para a livre iniciativa (investimentos/propriedade privada).
- No ?social?: garantia dos direitos naturais e da igualdade jurídica.
- No religioso: extensão do campo ético, não há verdade religiosa absoluta, o que vai contra o Clericalismo presente desde a Idade Média. Prega a tolerância religiosa.
Agora que vimos as teorias liberais, vejamos a importância delas para os Iluministas. O Iluminismo foi um movimento filosófico que se baseava na razão (luz = razão) como fonte do progresso material, intelectual e moral, tornando-se, assim, o caminho para a verdade e para a felicidade. Os iluministas questionavam o Estado Absolutista e o Clericalismo da Igreja, por serem baseados em princípios arbitrários (não-racionais). As características gerais do Iluminismo são, então:
- Bases liberais, como a luta contra o Absolutismo e o Clericalismo, a busca da igualdade jurídica (todos são iguais perante a lei), a liberdade de expressão e a liberdade de comércio (controlado pelo Estado Absolutista antes da Revolução).
- Valorização da razão acima da emoção e da crença ( a razão não mais vem de Deus, mas é característica inerente ao homem).
- Incentivo ao estudo científico, pois a ciência e a técnica, aliadas, dominam a natureza e transformam a realidade.
- Divulgação através dos ?enciclopedistas? (d?Alambert e Diderot ? criação/publicação da Enciclopedie, conjunto de livros com estudos de diversas áreas do conhecimento (biologia, matemática, engenharia, etc.).
- Apoio da burguesia, que viu no Ilustracionismo (outro nome para Iluminismo) uma ideologia capaz de acabar com o poder absoluto do rei e do senhores feudais, que restringiam sua participação no poder financeiro e político.
Com esses pontos em comum, temos as especificidades de cada iluminista:
- Voltaire: enciclopedista e iniciador do Deísmo (crença de que existe um Deus racional, que criou o Universo de acordo com leis racionais e que não mais interfere na vida do homem ? sendo assim, não há porque seguir nenhuma religião).
- Montesquieu: criação da teoria do Estado Tripartite (com divisão do poder em Executivo, Legislativo e Judiciário ? sendo assim, o poder não fica concentrado e pode ser controlado pelas leis).
- Rousseau: questionou a valorização exacerbada da razão, colocando a emoção no mesmo patamar. Foi o mais popular entre os camponeses na época da Revolução Francesa, por ser contra a propriedade privada burguesa, fonte da desigualdade entre os homens.
Iluminismo e Revolução Francesa: o movimento mais claro com influências iluministas foi a Revolução Francesa de 1789. Tal Revolução foi, antes de tudo, uma revolução burguesa: através dela, a burguesia (com apoio inicial do povo) ascendeu ao poder, derrubando o Absolutismo Francês. A separação da Igreja e do Estado é um exemplo do anti-clericalismo iluminista. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão cria um Estado representativo burguês, com base no voto censitário e na proteção aos direitos naturais do homem (vida, propriedade privada, paz, liberdade). Podemos então, com isso, entender o lema dos revolucionários: ?Liberdade, Igualdade e Fraternidade? ? liberdade política, religiosa, econômica; igualdade jurídica e fraternidade ? sentimento de soberania do povo.
Agora, vejamos os contratualistas. Que é o contrato social? É um contrato imaginário que se realiza entre o Estado e a sociedade, que define os papéis de cada um nessa relação. Na verdade, a matéria é o contratualista Rousseau, mas para entender o contexto e o significado de seu contrato, devemos olhar para Hobbes e Locke, seus antecessores:
- Hobbes: viveu na época da Revolução Puritana, na Inglaterra (guerra civil), o que o influenciou muito em sua teoria contratualista. Para ele, o Estado deve ser absoluto para conter o espírito egoísta do homem (estado natural). Para tal, a população deve abrir mão de sua liberdade para o Estado, que garante a paz e a vida (segurança) da população. Se a população não concorda com o governo, não se pode lutar para derrubá-lo.
- Locke: não acredita que o homem é mau naturalmente, como dizia Hobbes. Para Locke, toda ação do homem é em função de seus interesses ? se essas ações beneficiam a sociedade, ele é bom ?por acaso?. Sendo assim, o Estado deve representar a sociedade e mediar as decisões sociais, garantindo a liberdade, a propriedade e a vida (direitos naturais inalienáveis). O Estado não pode ser absoluto, e a população tem o direito e o dever de derrubar seus representantes caso estes não estejam defendendo os interesses da população (no caso, os interesses da burguesia, que produz e paga impostos ? aqueles que não pagam impostos, não têm direito de pertencer à sociedade, pois não contribuem de nada para o bem geral).
- Rousseau: baseado na teoria do ?bom selvagem?, Jean Jacques Rousseau dizia que o homem, em seu estado natural, é bom (a sociedade o corrompe). O Estado deve representar e garantir a soberania do povo, devendo ser derrubado quando a sobrepõe (deve haver uma conscientização do povo sobre a democracia, forçando uma revolução que o leve ao poder). Para Rousseau, o Estado só tem validade (legitimidade) se for unânime, ou seja, representar a vontade geral da população (que é mais do que a soma das vontades ? é a intercessão, digamos assim, que representa o ?bem geral?).
Contrário à valorização exagerada da razão, Rousseau propõe que emoção e razão sejam usadas com igual proporção (essa revalorização da emoção faz dele um precursor do romantismo). Em consonância com isso, propõe que a educação seja valorizada desde a infância, pois a criança (ser mais emocional) alia suas emoções à razão, podendo se conscientizar de sua realidade como um todo e, assim, questioná-la. Questionar por exemplo a existência da propriedade privada que, para o iluminista, é a origem da desigualdade entre os homens ? sendo assim, a sociedade burguesa é usurpadora e opressora).
Obras:
- ?Discurso sobre as origens e os fundamentos da desigualdade entre os homens?: questiona a legitimidade da propriedade privada e, consequentemente, da sociedade burguesa.
- ?Emílio?: fala da importância da educação, especialmente na infância (pedagogia).
- ?Do contrato social?: versa sobre o contrato entre o Estado e o povo, a soberania popular e a democracia (pré-socialista).
Agora, para acabar, Kant.
O filósofo alemão Immanuel Kant (1724 ? 1804) criticou as duas correntes filosóficas contrastantes da época, o racionalismo cartesiano (Descartes) e o empirismo de Locke e Hume. Em linhas gerais:
- Racionalismo: a razão é inata (ou seja, já nascemos com ela) e vem de Deus, que é um ser superior que nos dotou de razão para entendermos e transformarmos a realidade.
- Empirismo: a razão não serve de nada sem a experiência. É através da experiência que a verdade é alcançada e a realidade é moldada (pelo trabalho humano).
Kant quebra com essa dicotomia (diferença teórica) e elabora sua teoria:
- A razão é uma estrutura vazia (razão pura) que, sem a experiência, não serve de nada. A razão é como uma estante, composta de prateleiras (categorias como causalidade, finalidade, quantidade, veracidade...) que devem ser preenchidas com o conhecimento.
- O conhecimento é o resultado da transformação da realidade orgânica (natureza em si) pelo uso da razão, no decorrer das experiências.
- A razão é universal e a priori (igual para todos e ?inicial?, ou seja, está desde o princípio da formação do conhecimento e é ferramenta essencial para tal) e a experiência é individual e a posteriori (única e ?posterior?, ou seja, vem com o tempo e com a vivência), sendo a experiência que define cada ser humano.
- O limite do saber racional está na existência, ou seja, só se pode alcançar o conhecimento (pela razão) sobre um objeto se este existir no mundo dos fenômenos ou sensorial. Daí a importância que Kant dá para a crença religiosa: o que o saber racional não alcança, ou seja, o mundo transcendental, pode ser ?compreendido? através da vida espiritual.
- Revolução Copernicana na Filosofia: assim como Copérnico na astronomia ( trouxe a teoria heliocêntrica ? Sol, ao invés da Terra, no centro), Kant trouxe o sujeito para o centro do estudo, com o objeto de estudo ?ao redor? dele. (Félix, num entendi nada, explica de novo? Explico.) Antes, o objeto ficava no centro do estudo e o sujeito (o filósofo) rodeava o objeto, estudando-o por todos seus ângulos (sendo assim, não há nada que a razão não explica ? não há mundo transcendental). Com Kant, o sujeito é levado para o centro, com o objeto rodeando-o (ou seja, não necessariamente o sujeito consegue abordar o objeto por todos os ângulos, dando margem ao mundo que a razão não explica ? o mundo transcendental ou numênico.
É isso aí. Foi malz a demora. português e artes até amanhã 12:50.
Abraços,Félix.
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