Resenha: O Rei dos Malnascidos
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Resenha: O Rei dos Malnascidos




Logo nas primeiras páginas percebi que O Rei dos Malnascidos era um livro diferente, com uma personalidade única. Benn Green criou um mundo fantástico, com sultões poderosos, castas, pirâmides, oásis, magos com deformidades corporais, guerreiros com um código de honra bem ríspido e um céu com dois sóis e duas luas. Deixar a leitura de lado foi impossível.
?Roberta Splinder

              Pois é, apesar de não ter previsto isto para tão cedo, eis que aqui estou com minha primeira resenha de livro para o Meta Resumos, e já começo dizendo que O Rei dos Malnascidos, de Benn Green, foi um livro que, assim como alguns títulos de quadrinhos, me cativou, primeiramente, pela temática antes que decidisse me aventurar por suas páginas ? Preacher, por exemplo, me fez passar pela mesma situação.
Apesar de triste, é uma realidade que, no contexto literário atual, há pouquíssimos autores que se arriscam a explorar mundos com temáticas árabes, egípcias ou mesmo sumérias e babilônicas em suas obras de fantasia, o que talvez tenha sido um dos motivos pelos quais o livro me chamara tanto a atenção. A ideia de poder desfrutar de um enredo que explorasse uma cultura tão rica quanto a árabe ? repleta de Gouls, Djinns, Ifrits e tantos outros elementos mágicos d?As Mil e Uma Noites ? me instigou bastante e, de certo modo, me trouxe algumas boas lembranças da época em que assistia Aladdin (da Disney) e filmes como o de Simbad, O Marujo, portanto, não vou mentir ao dizer que me decepcionei um pouco em descobrir que não seria essa a obra que realizaria meus sonhos. No entanto, o autor Benn Green compensa a ?falta? desses elementos com um enredo bem dinâmico e uma sociedade riquíssima em cultura que se mostrou um equilibrado amalgama das ancestrais cidades do Antigo Egito com a civilização árabe pré-islâmica.

Confesso que levei alguns sustos no decorrer da leitura ao tentar entender até que ponto o cenário se baseou na realidade, mas acabei por concluir que a obra trás um universo totalmente novo e amplo, que se torna ainda mais belo sob uma perspectiva menos etnocêntrica. Então, já deixo logo a dica: se pretende ler O Rei dos Malnascidos, dispa-se de qualquer preconceito ou ?mimimi? e aproveite a obra como qualquer outra fantasia do gênero.
Falando, agora, sobre a história, O Rei dos Malnascidos trás um enredo fragmentado em narrações que se dividem, principalmente, entre a bastarda Aisha, a jovem filha de um sultão com uma escreva, e o mago desertor Fahrak, o qual reclama o título de Rei, após tomar para si uma pequena cidade do deserto. Esse estilo, para mim, se mostrou bem interessante e deu bastante fluidez à história, que se desenrola de maneira natural e empolgante.
Gostei, também, da forma como o autor trata a interação entre magia e sociedade em seu mundo, o que, muitas vezes, acaba por destacar algumas personagens como a jovem oriental Íris e o desertor Fahrak, o qual, para mim, é uma perfeita combinação de Magneto com Conan, o Bárbaro, o que me fez apreciar cada vez mais o caminhar da história. Ressalto, também, que tive uma agradável surpresa ao ler o glossário ao fim do livro. Apesar de sua má-fama, essas últimas páginas se mostraram um trecho indispensável da obra que, com toda a certeza, enriquecera muito a leitura e o entendimento de alguns pontos e aspectos apresentados.
Encerro dizendo que O Rei dos Malnascidos me proporcionou bons momentos e cumpriu seu papel de fisgar minha atenção para as próximas obras que darão continuidade à trilogia.
Recomendo, para quem se interessar em saber mais sobre o autor e seu mundo, que ouça a entrevista da Taberna dos Escritores deste mês e, além disso, que se pergunte sobre o que parece ser maior mistério dessa saga:

Onde, afinal, foram parar os mamilos desse sujeito?




Sobre o Autor: Igor Dmirkutska
Autor de 'Senhores do Anoitecer, Lua de Sangue' e podcaster co-criador da Taberna dos Escritores.
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