Já estudamos que a Literatura Brasileira do século XIX foi caracterizada pelo Realismo, pelo Naturalismo, pelo Parnasianismo e pelo Simbolismo.
No século XX, surgiu um movimento que queria renovar o estilo da Literatura, rompendo com a Literatura tradicional do século XIX (Realismo, Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo), buscando, assim, inovações modernas para o novo século: é o Modernismo (antes houve um momento de transição chamado de Pré-Modernismo). Os modernistas queriam uma Literatura livre, sem "fórmulas" e sem regras, sem palavras cultas e formais demais, sem o rebuscamento do vocabulário, sem a cultura tradicional e acadêmica.
O Modernismo no Brasil começou com a Semana de Arte Moderna de 1922, que foi a reunião de vários artistas (pintura, literatura, música, arquitetura, escultura, etc) de várias tendências artísticas que buscavam renovar as artes, difundindo suas ideias e rompendo, assim, com a cultura tradicional e conservadora do século XIX.
O Modernismo teve três fases (gerações):
1ª Geração Modernista (1922 - 1930)
Os principais nomes dessa geração foram: Manuel Bandeira, Oswald de Andrade e Mário de Andrade,
As principais características dessa geração foram: linguagem livre (poesia sem regras de rima e de métrica), linguagem coloquial (livre de formalismos e de palavras cultas), gírias e até erros gramaticais (porque os erros de gramática e a linguagem coloquial é a linguagem usada pelos brasileiros). Temas tratados com irreverência e ironia (bom-humor, piada, paródia), temas inspirados no cotidiano das pessoas e poemas "relâmpagos" (curtíssimos e breves).
Claro que tudo isso irritava os mais conservadores e tradicionais.
Exemplo de texto modernista da primeira geração:
Pronominais (Oswald de Andrade)
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
Observe que: não existe rima, nem métrica, nem formalismos. A linguagem é coloquial e também é impregnada de irreverência e ironia. Não há preocupação com erros de português. Enquanto que a gramática diz que o correto é "dê-me", o poeta zomba da gramática e escreve "me dá". Ele está mais interessado na gramática coloquial que é usada no cotidiano das pessoas, ou seja: o poeta prefere a modalidade linguística mais adequada à realidade brasileira.
Em outras palavras: "que se dane a gramática e os velhos conservadores do século passado, isso aqui é Modernismo, pô!".
2ª Geração Modernista (1930 - 1945)
Essa geração também é conhecida como Geração de 30. É nessa fase que o Modernismo ganha mais força no Brasil. Os principais autores dessa geração foram: na poesia, Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles; na prosa, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz e José Lins do Rego.
Na parte da prosa, os modernistas se interessaram por temas nacionais e usaram uma linguagem mais brasileira (uma linguagem mais regionalista). Destaque para o regionalismo nordestino, que retratou os problemas da região (seca e migração). Também podemos destacar o romance urbano (histórias das cidades grandes), que retratou a vida das famílias urbanas.
Na poesia, continuamos com o verso livre, mas também encontramos uma poesia mais amadurecida e sensível à realidade, que questiona a existência humana e a inquietação social.
3ª Geração Modernista (1945 - 1960)
Essa geração também é conhecida como Geração de 45. Os principais autores do período foram: Clarice Lispector, João Guimarães Rosa e Nelson Rodrigues, além de Ariano Suassuna e Lygia Fagundes Telles.
A poesia volta a ficar um pouco mais formal (efeito "poesia é a arte da palavra") e há uma preocupação maior com o estilo e com a estética da poesia. Na prosa, Clarice Lispector e Lygia Fagundes Telles trabalharam o aprofundamento psicológico dos personagens e inovaram as técnicas narrativas, quebrando o tradicional "início, meio e fim". Guimarães Rosa se dedicou ao regionalismo (ele é o autor de Grande Sertão: Veredas) e inovou a narrativa ao empregar o discurso indireto livre. O teatro ganhou força com Nelson Rodrigues.
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