último de sociologia!
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último de sociologia!


Aê, galera! Última etapa, últimos resumos!
A matéria do Emiliano é acumulativa e envolve todos os pensadores que vimos na última prova (aquela droga de prova, cá entre nós) mais a "matéria" da terceira etapa, que é a aplicação dos pensamentos dos mesmos teóricos nas obras "Hotel Ruanda" e "O Germinal", focando também no preconceito, que junta muitas das teorias já estudadas, decoradas ou resumidas. Eu até diria para lerem o último resumo sobre os teóricos, mas vou resumi-los mais ainda baseado no que o Emiliano focou na prova passada e durante as últimas aulas.

Comte
Auguste Comte foi muito importante para a Sociologia por inserir, nessa ciência humana, leis e códigos usados as ciências exatas, dando um caráter mais científico ao estudo da sociedade; a essa teoria de Comte deu-se o nome Positivismo. O maior exemplo de uso (mesmo que errôneo) do positivismo é o Darwinismo Social, que foi a aplicação, na sociedade, da teoria evolutiva de Charles Darwin. O darwinismo social diz que, assim como as espécies, as sociedades humanas passam por processos de diferenciação e de evolução, existindo, assim, sociedades mais evoluídas, mais civilizadas. A exploração e dominação do povo europeu sobre os demais povos da Terra foi justificada nessa teoria de que o homem branco teria de levar a civilização para tais sociedades inferiores ("fardo do homem branco"). Comte era contrário ao Darwinismo social, mas não negava sua existência e seu embasamento teórico, mesmo que errôneo.

Durkheim
Seguindo a linha positivista de Comte, Durkheim criou regras para o estudo científico da sociedade. Seu método começa ao determinar um objeto de estudo para a Sociologia: o fato social. Fato social é todo aquele acontecimento que se repete de maneira padrão nas sociedades. Tais fatos sociais têm 3 características básicas:
1. Coerção social: o indivíduo já nasce num meio aonde os valores estão enraizados e não se pode querer mudar o meio, pois o que foge da realidade do meio é considerado anormal e é sujeito a uma punição.
2. Exterioridade: os fatos sociais ocorrem queira o indivíduo ou não, ou seja, são exteriores a ele.
3. Generalidade: existe um padrão nos fatos sociais, que se repete sempre, em todas as sociedades, em todas as épocas.
Essas bases do fato social nos levam a um dos principais pontos defendidos por Durkheim: o determinismo, que é justamente essa exterioridade da realidade em relação ao indivíduo. Isso quer dizer que, independente da vontade ou do conhecimento do indivíduo, a realidade dele já está traçada pelo meio e pela consciência coletiva. Consciência coletiva é mais do que a soma das vontades individuais, é a síntese dos valores e regras da sociedade, que é atemporal, passando de geração em geração e determinando a realidade da sociedade.
Para Durkheim, o sociólogo deve se libertar de todos os conceitos e preconceitos que tem da realidade, incluindo as influências do senso comum, e estudar os fatos sociais como coisas externas a ele, distanciando-se ao máximo de seu objeto de estudo para poder analisá-lo sem imprimir uma visão pessoal. Para isso, muitas vezes ele se utiliza da estatística, que mostra os fatos sociais como números, exatos, que não dão margem a interpretações deveras pessoais (Glossário: deveras = muito).
Para Durkheim, uma maneira de analisar as sociedades é através de seu processo evolutivo, que passa da horda (organização pouco complexa) para organizações mais complexas como a tribo ou o clã. No processo evolutivo, a sociedade passa por uma fase chamada solidariedade mecânica (as vontades individuais são mais reprimidas, dando mais valor à consciência coletiva, representada nos valores sociais, econômicos e religiosos, presentes em sociedades como as da Idade Média) e evoluindo para a solidariedade orgânica (o individualismo sobrepõe a vontade coletiva, a modernização é presente por motivos de lucro e excedente e não mais de subsistência; presente em sociedades como na Idade Moderna/Contemporânea).


Weber
Para facilitar, é só lembrar que ele discorda em 99,9% das idéias de Durkheim; só faltou chamar de viadinho. Para começar, ele crê que o objeto de estudo não é o fato social em si, mas o indivíduo, que ele chama de agente social. Só pelo nome agente já é possível ver que o indivíduo tem papel nas ações da sociedade; e não só tem ele um papel de agente, mas um papel de motivador e de pensador, que não depende do meio nem da consciência coletiva para realizar suas ações sociais. Sendo assim, Weber contraria o determinismo de Durkheim, chamado a partir de agora de "carinha".
Novamente contrariando o carinha, Weber não acredita na "evolução" da sociedade como a de um organismo, que passa por fases determinadas em direção a uma organização mais complexa. Ele, ao contrário, crê que cada sociedade deve ser analisada separadamente e, para isso, o sociólogo deve basear-se em estudos históricos. Não só ele deve juntar dados, mas deve usar de seu pensamento crítico para dar coesão a esses dados e criar interpretações possíveis da realidade social de cada sociedade ou indivíduo: o sociólogo não mais deve ser imparcial, mas deve interpretar os fatos e criar versões possíveis/prováveis da realidade.
Através do estudo histórico e da análise, Weber cria a sua tese de que a ética protestante, ao contrário da Católica, é mais producente e, conseqüentemente, gera mais facilmente o lucro. Ele argumenta que, como os protestantes (especialmente calvinistas e puritanos) são educados desde pequenos no trabalho, na obtenção de lucro/poupanças e na crença de que o trabalho dignifica, eles são mais "esforçados" e mais propensos a obterem sucesso financeiro; mais facilmente do que os cristãos educados na filosofia e na teologia, ligados à coisas mais altas e sobrenaturais.

Marx
Assim como no resumo passado, faço questão de citar o título do capítulo de Marx: "Marx e a história da exploração do homem". Daí podemos tirar o objeto de estudo de Marx como sendo o indivíduo (assim como Weber) e, mais ainda, a sua História, que é sempre de exploração (seja ele explorador ou explorado). Ele foca seus estudos no processo histórico das sociedades baseado nos modos de produção, que sempre deixam em evidência o que Marx chamou de Luta de Classes (opressores e oprimidos, dominadores e dominados), que sempre existiu desde que o mundo é mundo. Em seus estudos, ele mostra todo o funcionamento do capitalismo, baseado na alienação dos meios de produção e dos lucros (por parte dos trabalhadores, que não tem posse das máquinas nem recebem o lucro do que produzem), na venda da força de trabalho (como não têm as máquinas, os trabalhadores trocam seu trabalho por salários) e, conseqüentemente, na mais-valia (lucro obtido pelos capitalistas por um trabalho que não realizaram, explorando os trabalhadores).
Além de apenas analisar a sociedade e denunciar os podres do capitalismo, Marx propôs um novo modo de produção que se opunha ao capitalismo e triunfaria sobre ele: o socialismo. Chamou de utópicos (sonhadores) todos aqueles antigos socialistas inspirados em Rousseau que acreditavam na mudança sem uma rebelião dos oprimidos contra os opressores. Denominou a si mesmo como socialista científico, por sugerir e delimitar regras e fases que deveriam ser seguidas para a consolidação desse novo sistema:
  1. Luta de classes: antes de qualquer coisa, é necessário esclarecer os oprimidos de sua situação e incitar sua revolta (sangrenta) contra os opressores, acabando com a propriedade privada e com o Estado burguês.
  2. Ditadura do proletariado: após tomar o poder, os operários teriam de se apropriar dos bens dos capitalistas e os dividir entre si.
  3. Comunismo: para manter a igualdade de todos, é necessária uma liderança que acabe com o comércio e invista pesado na educação para doutrinar a população de que a igualdade é necessária, além de controlar a entrada de influência de países ainda capitalistas que desvirtuariam o ideal igualitário.
  4. Anarquia: depois que o povo estivesse doutrinado, não mais haveria necessidade de um Estado, sendo que toda a população se auto-governaria, pensando no bem de todos.
As 3 primeiras etapas chegaram a ocorrer em vários países depois da 2ª Guerra Mundial, mas o sistema ruiu, pois nem toda a teoria é possível de ser aplicada.

E agora, palavras do Taveira em relação a Marx e a meus resumos "socialistas":
"Tens coragem de chamar Voltaire viadinho em um dos seus resumos e nem ao mesmo mencionou o fato de que Marx era um IMBECIL, que afirmou que a opressão sempre existiu em TODAS as sociedades e épocas mas que ele, em sua extrema sabedoria, criaria um sistema em que esse fato inexistisse. Seu barbudo nojento."

Taveira,
  1.  continuo achando Voltaire um viadinho;
  2. é verdade, nunca mencionei "o fato de que Marx era um IMBECIL, que afirmou que a opressão sempre existiu em TODAS as sociedades e épocas mas que ele, em sua extrema sabedoria, criaria um sistema em que esse fato inexistisse. Seu barbudo nojento." E eu não poderia ter colocado em melhores palavras: concordo plenamente! Mas é também fato que toda (ou quase toda) "instituição de ensino", ou que se auto denomina assim, considera Marx o defensor dos "fracos e oprimidos" (tá mais pra "frascos e comprimidos"). Tirando isso, Marx foi sim um comunista desgraçado metido a besta.
  3. Também votaria no McCain.
  4. Espero que a parte do barbudo nojento seja só em relação ao Marx.
  5. vai estudar e pára de reclamar!

Voltando para o resumo...

Matéria da 3ª etapa, mais especificamente: Preconceito na visão dos teóricos acima.

Durkheim - a consciência coletiva passa de geração em geração (é atemporal).
O preconceito, então, por ser um fato social,  se aplica à idéia de consciência coletiva e não pode ser mudado (determinismo).

Weber - o indivíduo, por ter vontade própria, tem capacidade de mudar a sua realidade, contornando a consciência coletiva ou criando parte dela, escolhendo ou não ter preconceito.

Marx - além de não precisarmos seguir a consciência coletiva, podemos alterar a realidade, sendo revolucionários, indo contra o preconceito.


No filme Hotel Ruanda, o preconceito se mostra na sua face racista, na discriminação dos brancos dominadores contra os negros. Essa discriminação passa para os próprios negros que são divididos em tutsis (pele mais clara, nariz mais fino - características que os assemelham as colonizadores belgas) e hutus. Os tutsis ficam no poder e oprimem os hutus que, por sua vez, começam uma revolta armada sangrenta contra a minoria tusti. De início, os capacetes azuis da ONU deram apoio aos resistentes tutsis no Hotel. o dono do hotel, com muitos contatos, consegue manter por um tempo os tutsis, mas o apoio internacional cessou e o massacre ocorreu de qualquer forma. A cena que mais deixa claro o preconceito é aquela em que o coronel dos capacetes azuis se dirige ao dono do hotel e diz que os brancos, o resto do mundo, os considera lixo, os considera escravos e que não tem o mínimo interesse em ajudar na situação interna.

Agora, O Germinal... é o seguinte, povo, eu não li o livro nem consultei resumo nenhum, ou seja, os nomes dos personagens podem (e vão!) estar errados e o enredo também, mas a análise foi feita de acordo com a que o Emiliano fez em sala, então acho que o principal está aí.

Na obra O Germinal, de Emile Zola, também adaptada para filme, podemos ver muito da teoria marxista aplicada à mais-valia, ao capitalismo e à luta de classes. No livro, o personagem Etienne, inicialmente trabalhador de minas de carvão, migra para a cidade para tentar a vida num emprego melhor e o consegue com Boa Morte, um ex-trabalhador de minas cheio de problemas de saúde, algo comum aos mineradores, na época (e hoje, idem). Mas o emprego que ele consegue na fábrica é de péssimas condições, com salários baixíssimos. Etienne então resolve iniciar uma greve. Zuvarin, um russo anarquista conhecido de Etienne, não acredita na greve, pois é um meio muito "pacífico" e que não resolve os problemas do proletariado (sendo anarquista, ele crê que deve haver uma revolução social, por meios radicais). Importante observar essa diferença entre os ideais de Etienne e Zuvarin: o primeiro acredita na greve como forma de mudar o meio e o outro crê que a mudança deve ser radical, para quebrar de vez o sistema vigente e implantar a anarquia completa, diferente da anarquia proposta por Marx, que deve ter etapas (a Ditadura do Proletariado, o Comunismo e depois a anarquia).
A obra apresenta características da realidade do ponto de vista Durkheimiano, como por exemplo o determinismo de personagens como o casal Chevaux e Catherinne (ela "aceita" os abusos do marido por acreditar que seria assim com qualquer homem que ela encontrasse) e inclusive os próprios funcionários da fábrica (aceitam a exploração sem queixar-se - mais-valia). Junto do determinismo está a idéia de consciência coletiva, que coloca o conjunto de valores da sociedade como algo imutável e que controla a vontade dos indivíduos. Contra o determinismo de Durkheim, temos Weber e Marx, que acreditam que o indivíduo não depende da sociedade para tomar suas próprias escolhas: ele tem vontade própria, contra a consciência coletiva, podendo inclusive mudar a consciência coletiva. O personagem que reflete esses pensamentos é o Etienne, que propõe a greve, que, segundo Marx, é o primeiro mecanismo de revolta do proletariado. Mas a greve é mal-sucedida por fatores tanto externos (falta de suprimento de dinheiro e comida) quanto internos (os operários não acreditam no ideal de mudança e não sustentam a greve, justamente por crerem na visão determinista da realidade imutável).

Boas provas!!





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